A recorrência dos eventos climáticos não deixa alternativas para toda a sociedade: é preciso uma discussão permanente para elevar a capacidade de resposta e evitar perdas bilionárias ao estado e ao Brasil. “Temos que levar para os municípios essa temática porque é essencial ter um caminho de adaptação muito bem trilhado para a redução desses riscos que estão desenhados”, afirma Guilherme Dallacosta, secretário do Meio Ambiente e da Economia Verde de Santa Catarina.

Órgão central do sistema ambiental catarinense, a pasta, criada por lei de 2023, desenvolve políticas e programas, fomenta a preservação dos recursos naturais e a cultura do desenvolvimento sustentável e define estratégias para mitigar a emissão de gases de efeito estufa (GEE) para se adaptar às mudanças do clima.

A crise climática é encarada como uma pauta urgente. Como lembra Dallacosta, “enquanto estamos pensando, os eventos climáticos estão acontecendo e nos trazendo prejuízos”. A recente tragédia no Rio Grande do Sul foi um dos alertas, relembrando episódios traumáticos que já atingiram cidades catarinenses.

Para cumprir sua missão, a secretaria acumula diversas medidas, a começar pela estruturação de um plano de ação climática, que envolve estratégias de mitigação da emissão dos GEE, de análises de risco climático e proposições de medidas de adaptação. O programa Santa Catarina 2050 – Transição Energética Justa também é visto como da mais alta relevância, pensando na atualização das cadeias produtivas e no desenvolvimento da economia catarinense voltado à energia limpa para as próximas décadas.

Outro ponto de destaque é a gestão de recursos hídricos, visando à quantidade e à qualidade da água, crucial em termos de competitividade, fazendo controle do uso para as mais variadas atividades (indústria, geração de energia, agricultura, irrigação). “O recurso hídrico é escasso e precisa ser controlado com rigor e olhar de desenvolvimento, buscando sempre essa compatibilização de economia e preservação”, afirma Dallacosta.

Em busca de um ordenamento territorial mais efetivo, a secretaria prepara a ampliação do Zoneamento Ecológico Econômico (que envolve cinco setores costeiros, num total de 41 municípios, além do Vale do Rio do Peixe e do Complexo Lagunar, que juntos representam 63 municípios). Dispõe ainda de uma diretoria específica voltada ao bem-estar animal, com cuidado para controle populacional e combate aos maus-tratos a animais domésticos.

O conjunto de iniciativas mira a tarefa árdua do desenvolvimento sustentável, garantindo a preservação ambiental sem travar a emissão de licenças de investimentos econômicos. “Temos sempre que olhar para o licenciamento como um instrumento apto ao desenvolvimento econômico. É ele que vai garantir que a atividade possa funcionar com as melhores técnicas disponíveis no mercado e os melhores controles ambientais. E nunca enxergar como uma barreira ou algo impeditivo para a implantação de uma atividade”, diz o secretário.

O meio ambiente é considerado decisivo neste século, segundo Dallacosta, “para qualquer atividade, empresa e organização, privada ou pública, que queira persistir e gerar negócios e renda”. O desenvolvimento tecnológico e de novos modelos de negócios é essencial para mitigar emissões de poluentes e pensar na descarbonização. “Temos que nos preocupar com o legado que vamos deixar para as futuras gerações. Tudo o que vamos fazer hoje vai refletir amanhã”, afirma.