A fundação da Palavra Viva Church Florianópolis em 1988 e sua disseminação por mais de 35 igrejas no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos são um legado que Pedro Flori Ramos atribui a ensinamentos semelhantes aos replicados no mundo empresarial. “Aproveitar oportunidades”, “empreender”, “potencializar capacidades” e “internalizar a visão” são conceitos que, a partir de embasamentos bíblicos, fizeram dele um líder em diferentes segmentos da sociedade.
Além da expansão da igreja evangélica ao lado de Bispa Suzi, sua esposa, Bispo Flori lançou projetos comunitários, idealizou grupo musical, escreveu livro e aderiu à política, tornando-se presidente municipal do partido Republicanos. Pregador da teologia da prosperidade, defende a tese de que “dinheiro é para empreender”. “Também não se pode deitar em uma rede esperando que a coisa aconteça. Há um conjunto de ações para fazer acontecer”, afirma o gaúcho, que é pai de dois filhos, avô de três netos e se inspira em líderes consagrados.
Como foi sua formação em liderança após fundar a Palavra Viva Church?
Estudei muito John Maxwell. Ele tem dois livros que deveriam ser de cabeceira de cada líder: As 21 Irrefutáveis Leis da Liderança e As 21 Indispensáveis Qualidades de um Líder. Ambos nortearam a minha vida e me tornaram o que sou hoje. Peguei esse conjunto, comecei a ler biografias de lideranças consagradas, em todas as épocas, de Abraham Lincoln a Elon Musk. Fui aprendendo a conduzir um grupo, uma pessoa, gestão de crise, de família, de liderança, de instituição. Quero uma instituição local ou que vai ser de referência nacional e mundial? Hoje a gente está em vários países e tem crescido no mundo todo. Levei todas as pancadas que você possa imaginar por começar uma igreja fora do escopo tradicional. Mas graças a Deus, durante 35 anos, só deu certo.
Como sua ideia de liderança se replica no conceito de uma corporação?
Quando você vê uma pessoa com potencial, tem duas opções. O líder eucalipto, que não nasce nada embaixo dele, e o líder que prefere ficar no backstage. Hoje eu não pastoreio nenhuma igreja, eu só fico no backstage. Eu identifico a capacidade de liderança das pessoas e começo a potencializá-la. Uma coisa que eu não faço é criticar quando elas erram, mas chamar e orientar. Eu não mando para uma faculdade de liderança nem para ser formado por outro líder. Ele anda comigo lado a lado. Tem uma frase no meu livro que diz: “os líderes não são nascidos, eles são construídos” – e isso vem do embasamento bíblico.
O senhor tem uma atuação forte em vários segmentos: religioso, empresarial, assistencial e político. Qual é a importância da versatilidade para a formação da liderança?
O líder tem que ter a visão, que dá norte e ensina. A pessoa que sabe administrar uma visão tem que entender que, quando ela lidera, não pode liderar para dentro da instituição. O líder começa no bairro, vai para a cidade, para o país, para o mundo. Eu comecei a me tornar uma igreja gigante na Grande Florianópolis. As pessoas começaram a enxergar que eu sei me comunicar politicamente. E isso tudo dentro de uma credibilidade já construída.
A visão tem que ser internalizada. A pessoa pode concordar contigo na mente, nas palavras. Mas às vezes tenho que retirar um líder porque ele concorda comigo com a cabeça e diz “não” com o coração. Porque não internalizou a visão. Também não se pode deitar em uma rede esperando que a coisa aconteça. Há um conjunto de ações para fazer acontecer.
Que dicas daria para quem quer empreender, independentemente da área da atuação?
As pessoas olham para dentro de uma igreja e dizem: tem muito dinheiro. É exatamente o contrário. Porque cada centavo que entra nós empregamos em uma nova igreja. São as oportunidades que servem na vida. Dinheiro é para empreender, para acreditar naquilo que se está fazendo.
Como o senhor relaciona as lições bíblicas com alguns segredos do sucesso para qualquer líder empreendedor?
Deus prometeu que todos os que querem descendência dele seriam ricos. O primeiro princípio é honestidade, não tem como ficar rico sem honestidade. É o antônimo da ambição e da avareza. Quando age com honestidade, vai criando credibilidade, abrindo portas, conquistando patrimônio. Mas não perde a humildade. Pobreza faz bem a quem? Eu prego a teologia da prosperidade. As pessoas têm que ter uma visão correta do que é o ensino bíblico. Se Deus odiasse prosperidade, Salomão não seria o homem mais rico do mundo até hoje, porque só o ouro do palácio do templo que construiu em Jerusalém ultrapassa 1 trilhão de dólares.