Natural de Agrolândia (SC), cidade de 11 mil habitantes na região do Alto Vale do Itajaí, Dirceu Leite compartilha a preocupação com os impactos dos extremos climáticos na condição tanto de “filho” da “terra da agricultura” como de presidente da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina).
Com origem em uma família de pequenos agricultores, Dirceu assumiu em 2023 a direção da empresa vinculada ao governo catarinense depois de uma sólida formação técnica e acadêmica e experiência como gestor público. Formado engenheiro agrônomo, com mestrado em ciências do solo, chegou a ser secretário e vice-prefeito de sua cidade natal.
O presidente da Epagri avalia a tragédia das enchentes deste ano no Rio Grande do Sul como um alerta para a necessidade de governança em meio às mudanças do clima. Ele defende a conciliação do desenvolvimento econômico com ações de sustentabilidade e preservação ambiental. “É extremamente possível, plausível e necessário”, afirma.
Por que a agenda ESG se torna cada vez mais relevante nas ações do poder público e da iniciativa privada?
Vivemos em um ambiente dinâmico, de constante mudança. Essas ações vão ao encontro das demandas da sociedade. Trabalhar políticas públicas que ajudem a preservar o meio ambiente, que levem em consideração a agenda ESG. E isso vem acontecendo nos últimos anos com maior intensidade diante das condicionantes que o clima está nos proporcionando. São desafios gigantes que precisam ser encarados.
É possível conciliar desenvolvimento econômico, sustentabilidade e preservação ambiental?
Sim, é extremamente possível, plausível e necessário. As condicionantes ambientais impostas pelo clima estão no nosso dia a dia. As políticas públicas precisam ser desenvolvidas nesse viés. A Epagri tem uma preocupação muito grande com isso e tem no seu escopo de trabalho um plano de ações junto com o governo do estado para permitir o desenvolvimento rural sustentável. Trabalhar essa questão tanto na iniciativa privada como no órgão público é extremamente importante.
A recente tragédia no Rio Grande do Sul deixou quais alertas sobre a crise climática?
Tivemos essa situação dramática e catastrófica no Rio Grande do Sul. Com certeza acende um alerta quando se fala na questão da governança. Temos em Santa Catarina uma ação diferenciada. É um estado que também sofre com inundações, às vezes no mesmo ano secas, mas temos um diferencial, uma rede de acompanhamento bastante robusta que permite a emissão de alertas climatológicos. Através dos estudos da Epagri, visamos ações de mitigação aos efeitos das variações climáticas, que vão ao encontro de sistemas que reduzam o impacto desses eventos externos. Não é fácil, mas são ações que podem contribuir para reduzir isso ao longo do tempo. O que aconteceu no Rio Grande do Sul poderia ter acontecido em qualquer estado da federação. Santa Catarina está se preparando para enfrentar esses problemas à altura.
Quais são os principais obstáculos no setor público que dificultam o avanço de ações sustentáveis e para lidar com a crise climática?
Os eventos extremos começam a fazer parte do nosso dia a dia. Ano após ano somos atingidos por estiagem bastante forte ou precipitações intensas que provocam alagamentos. O grande limitador quando se fala nas ações é tempo e orçamento. Conseguir convencer os órgãos a aportar recursos em estudos é um grande desafio vencido pela Epagri e pelo governo do estado para trazer ações que permitam enfrentar o tempo de resposta dessas ações.
O que caracteriza uma liderança de sucesso? Como gestor público, que dicas daria para futuros líderes empreendedores?
Os desafios são constantes, e todo dia aparece alguma coisa nova. O que carrego comigo é manter sempre o foco. Transparência nas ações, deixando claro que se trabalha com base em critérios. Costumo falar muito, mas também gosto de escutar. Ouvir as pessoas, respeitar as opiniões e a partir dali tirar as suas conclusões é extremamente importante. E fazer as coisas com energia e dedicação.
A Epagri é a maior vencedora do Prêmio Expressão de Ecologia, com 25 troféus Onda Verde já conquistados. Como o sr. vê o reconhecimento desse trabalho?
A Epagri se sente honrada em receber prêmios com trabalhos que faz no dia a dia. Vivemos um tempo em que algumas tecnologias já consagradas acabaram caindo em desuso, mas, diante dos eventos climáticos dos últimos anos, voltaram à tona com mais intensidade.
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