Prêmio Expressão de Ecologia reconhece inovação da Teixeira Têxtil, empresa catarinense que desenvolveu tecnologia inédita para o uso de matéria-prima reciclada em Big Bags
A Teixeira Têxtil, sediada em Forquilhinha (SC), no sul do estado, foi uma das grandes vencedoras da 30ª edição do Prêmio Expressão de Ecologia, a premiação ambiental ininterrupta mais longeva do Brasil. Conquistou o troféu na categoria Reciclagem – Setor Têxtil, com uma solução inédita para reciclagem de grandes embalagens (big bags), um tipo de sacaria com capacidade de até duas toneladas, amplamente utilizada no setor de fertilizantes. Desenvolvido ao longo de dez anos, o projeto Teixeira Reverse resulta da combinação de tecnologia própria com um processo de logística reversa.
A viabilização da fabricação de novos big bags a partir do reaproveitamento de resinas recicladas pós-consumo (PCR) envolveu a criação de uma empresa especializada, a LR Logística Reversa. Essa nova integrante do grupo é responsável por realizar as diversas etapas do processo, desde a coleta até a extrusão, passando por classificação, moagem, lavação e aglutinação. As resinas PCR resultantes são utilizadas pela Teixeira Têxtil para a produção do big bag sustentável.
Trata-se de uma importante contribuição para resolver um antigo problema. O agronegócio brasileiro consome 58 milhões de quilos anuais de ráfia, a matéria-prima da qual são feitos os big bags. Infelizmente, 80% de todo esse volume não recebe destinação adequada após o uso. “Essa situação nos incomodava muito, e decidimos agir”, lembra o fundador e CEO da Teixeira Têxtil, Estefane Teixeira.
Porém, o desenvolvimento da solução não foi simples nem rápido. Iniciou-se há uma década e dependeu da dedicação incansável da equipe da empresa. No início, o aproveitamento do material recolhido limitava-se à produção de um tipo de corda, o fitilho. A persistência das pesquisas internas levou ao reaproveitamento pleno na ráfia, a matéria-prima principal, algo até então visto como impossível pelo mercado.
recicladas nos últimos 6 anos
estimativa de reciclar por ano até 2030
Ao final do processo, o polímero PCR (pós-consumo) produzido a partir dos big bags recolhidos tornou-se tão puro quanto a matéria-prima virgem, podendo ser rodado normalmente nas máquinas para a produção da fita e do tecido, com os mesmos padrões de resistência, durabilidade e capacidade de armazenamento. A dificuldade anterior estava no fato de que ninguém havia conseguido atingir o alto grau de pureza obtido pela equipe da Teixeira Têxtil, o que inviabilizava a aceitação do material reciclável pelo maquinário.
Foi essa grande inovação que viabilizou financeiramente o processo e impulsionou a criação da LR Logística Reversa. Desde que a fábrica da nova empresa foi inaugurada, há seis anos, cerca de 12 milhões de big bags foram retirados do campo, mas o potencial projetado pelos gestores da Teixeira Têxtil é muito maior – a perspectiva é chegar, em 2030, a 40 milhões de big bags reciclados por ano, agora que o processo de economia circular se viabilizou financeiramente. A proposta é buscar tanto os big bags produzidos pela própria Teixeira Têxtil quanto por fabricantes concorrentes.
Nenhuma empresa do setor, em todo o mundo, havia alcançado tal proeza. O ineditismo global foi reconhecido pela concessão à Teixeira Têxtil da medalha de ouro no Sustainability Design Award Egypt, no final do ano passado, e do World Star 2024, o Oscar da embalagem, processo de votação que envolve juízes de 45 países. A empresa recebeu o prêmio numa solenidade na Tailândia.
Considerando-se o apelo global por sustentabilidade, a Teixeira Têxtil planeja ter pelo menos 30% da produção exportada, já que o processo de reciclagem envolve documentação que permite comprovar a destinação correta do material. Com o aumento projetado do volume recolhido para reaproveitamento, o plano é que o Teixeira Reverse se torne responsável por 80% da produção total do grupo num horizonte de três anos. Nesse mesmo prazo, a ampliação do parque industrial dobrará a produção atual, que está na casa de 600 toneladas mensais, e o tamanho da equipe, composta atualmente por 800 colaboradores.
Ao promover a economia circular, a solução contribui para reduzir o consumo de recursos naturais e garante a destinação correta dos resíduos, estimulando um ciclo de produção mais sustentável, com redução do uso e da dependência de recursos virgens. Além do benefício mais evidente – cada big bag reciclado permite o surgimento de um novo big bag –, há economia de 19% na água utilizada no processo de fabricação e redução de duas toneladas de CO2 emitidas a cada 10 mil big bags produzidos pelo método de reaproveitamento.
A Teixeira Têxtil nasceu há quase 30 anos, inicialmente como representante de uma marca de sacaria de polietileno. Migrou depois para a ráfia sintética, matéria-prima que ainda era pouco difundida no Brasil na época. Após seis anos de atuação, tornou-se fabricante, sediada inicialmente em Criciúma. Diante da necessidade de construir uma fábrica, o município vizinho de Forquilhinha foi escolhido. “Hoje, todos os nossos coordenadores e gestores são filhos aqui da terra, gente que viu a empresa chegar”, orgulha-se o CEO. Ao final de um processo gradual de verticalização, a empresa produz em casa todos os componentes que utiliza, o que elimina qualquer dependência de fornecedores.
No prédio da matriz da Teixeira Têxtil é realizada a produção do tecido, o corte e a impressão. Dali, os kits partem para sete confecções espalhadas pelo município de Forquilhinha – a descentralização foi necessária por conta do espaço amplo e da numerosa força de trabalho exigidos nesse processo. A empresa também tem confecções em São Paulo e em Minas Gerais, mas o plano é trazer 100% da produção para Santa Catarina.
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