ENTREVISTA / CÉLIO BERNARDI

"associativismo abre

oportunidades"

“associativismo abre oportunidades”

Célio Bernardi, Presidente da Associação Empresarial de Florianópolis (ACIF), por Júlia Caroba @carobaproducoes

A crise climática está longe de ser vencida, e cabe aos empresários ampliar a conscientização sobre a importância de ações sustentáveis. Mesmo em momentos de dificuldade econômica, deixar a agenda ESG de lado não é boa escolha. A opção é procurar parceiros, defende Célio Bernardi, presidente da ACIF (Associação Empresarial de Florianópolis), relembrando iniciativas da entidade.

O empresário destaca as vantagens do associativismo nesse e em outros momentos, como uma alternativa para superar barreiras. Formado em direito, Célio advogou por mais de dez anos e teve uma experiência transformadora ao se engajar na ACIF e descobrir novas ferramentas no mundo dos negócios. Fundou uma empresa de tecnologia e, após deixá-la, segue na missão de empreender.

“O associativismo oferece uma grande oportunidade: estar ao lado de pessoas que compartilham conhecimentos de forma gratuita em um ambiente de confiança. Essa troca com pares mais experientes faz com que nossos caminhos se abram.”

Entrevistador: rodrigo coutinho, presidente da Editora Expressão

Qual é a avaliação do senhor sobre os avanços da agenda ESG no meio empresarial?

Ainda há muito potencial a ser explorado na temática ambiental, social e de governança. A ACIF é um grande espelho para seu quadro empresarial, pois possui essas três áreas muito bem definidas, com uma estrutura de governança e transparência para seu quadro societário, processos bem delineados e ritos em que seus empresários podem se espelhar. Na parte social e ambiental, a ACIF tem um histórico significativo, como o Programa ReÓleo, iniciado há 25 anos e que foi destaque no Guinness Book pela quantidade de óleo reciclado através de parcerias com condomínios, restaurantes e uma forte ênfase em educação.

O ESG pode ser um bom negócio para empreendedores mesmo em momento de crise econômica?

Deixar de lado essa abordagem não é a melhor escolha. O ideal é construir um projeto com uma proposta de valor clara e encontrar um parceiro no mercado que ajude a viabilizar essa iniciativa, gerando benefícios para ambas as partes. É fundamental buscar maneiras de garantir que esses projetos não sejam negligenciados.

A tragédia no Rio Grande do Sul reforçou a preocupação em relação aos impactos das mudanças climáticas. Como isso é visto no meio empresarial?

A questão climática está longe de ser vencida. Temos falado sobre isso há muito tempo, e a tragédia nos mostrou mais uma vez a força da natureza, algo para o qual podemos não estar completamente preparados. Precisamos fazer nosso dever bem feito, cuidar da natureza. Diante do que aconteceu com nossos irmãos do Sul, temos refletido sobre como ajudá-los a recuperar seus negócios, especialmente considerando os aspectos ambientais. Organizamos uma corrida solidária que arrecadou mais de R$ 150 mil.

A classe empresarial está dando a devida importância para a crise climática?

Acredito que sim. Pelo menos no ambiente em que vivemos, em Florianópolis e, talvez, em todo o estado de Santa Catarina. Nas conversas com parceiros empresariais, percebo que há uma atenção crescente.

Quais os principais obstáculos para implantar com mais força as ações de sustentabilidade?

Precisamos ampliar cada vez mais o conhecimento. Esse talvez seja o grande papel da nossa entidade: ajudar a aumentar a conscientização sobre a importância do ESG na nossa comunidade empresarial. Ter boas práticas dentro de casa é essencial para refletir esse compromisso.

O que caracteriza um empreendedor de sucesso?

A principal característica de um empreendedor deve ser a resiliência. Em muitos momentos, vai ouvir um “não”, escutar que sua ideia não é boa, que seu projeto não tem futuro. Nessas horas, é essencial que ele tenha muita força de vontade e resiliência para continuar acreditando. Além da resiliência, considero a flexibilidade uma característica fundamental. Nos momentos de dificuldade, o empreendedor precisa ser capaz de identificar onde está errando e corrigir rapidamente esses erros. Para isso, a humildade é essencial, pois às vezes é necessário dar alguns passos para trás para poder avançar muitos outros à frente.

O caminho do empreendedorismo está cheio de barreiras, e é aqui que entra a vantagem do associativismo. Ele oferece uma grande oportunidade: estar ao lado de pessoas que compartilham conhecimentos de forma gratuita em um ambiente de confiança. Essa troca com pares mais experientes faz com que nossos caminhos se abram e que possamos acelerar o desenvolvimento de nossos negócios.

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