Referência ambiental do sul, Apremavi aposta em soluções práticas para restauração da mata atlântica e mira projeto para capturar carbono contra crise climática
Já são quase quatro décadas buscando fazer a diferença para um mundo sustentável. Em 1987, quando a Apremavi (Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida) foi criada em Ibirama (SC), a prioridade era denunciar crimes ambientais na região. Apesar do forte engajamento com a comunidade, a conclusão foi de que só isso não bastava. Afinal, esses desmatamentos já haviam ocorrido. A alternativa foi expandir os horizontes, produzir mudas e demonstrar que áreas degradadas poderiam ser recuperadas. O saldo do trabalho inclui contribuições para a plantação de mais de 10 milhões de árvores nativas.
O processo de restauração fez da ONG uma referência ambiental e uma das maiores organizações da área no Sul do Brasil. Após se instalar em Atalanta (SC), consolidou um amplo e bem estruturado centro ambiental junto a um viveiro de mudas nativas da Mata Atlântica. Para enfrentar a crise climática, a entidade com veia empreendedora aposta agora em um projeto de captura de carbono. “A ideia é mostrar aos pequenos produtores rurais que a floresta não é apenas uma floresta, mas está capturando carbono, algo crucial para mitigar os efeitos da crise climática”, explica Edinho Pedro Schaffer, presidente da Apremavi.
A trajetória da ONG indica uma busca constante de soluções práticas. Uma delas foi a produção de mudas nativas em embalagens de papel biodegradável, utilizadas para restauração de áreas degradadas e alteradas. Um projeto ambicioso em parceria com a Tetra Pak tem a meta de plantar 7.000 hectares de Mata Atlântica em Santa Catarina e no Paraná.
“Quando falamos em mitigação das mudanças climáticas, há diversas abordagens, mas a principal solução tecnológica baseada na natureza é a árvore. A árvore é um ‘ser tecnológico’ que captura o dióxido de carbono, o transforma em oxigênio e armazena o restante em biomassa. O plantio de árvores para formar florestas, que são verdadeiros sumidouros de carbono, é uma das estratégias mais eficazes para controlar o aquecimento global”, diz Carolina Schaffer, vice-presidente e coordenadora de comunicação da entidade.
Habilitada para produzir 210 espécies diferentes, a maioria da Mata Atlântica, a Apremavi investe na reintrodução das que foram retiradas, garantindo a biodiversidade. O viveiro da ONG tem capacidade para produzir 1 milhão de mudas anualmente. Dessas, 80% são destinadas a agricultores em diversos projetos da instituição.
de árvores nativas plantadas com a ajuda da Apremavi
de mudas produzidas anualmente em viveiro
espécies diferentes da Mata Atlântica produzidas
Além do lema “boca no trombone e mão na massa”, a entidade mira parceria com pequenos proprietários com viés de restauração ecológica aliada à conservação. “A emergência climática está presente e não vai desaparecer. Precisamos correr contra o prejuízo, produzindo mudas e colocando-as nas áreas que precisam ser restauradas, como nascentes e margens de rios degradados”, afirma Edinho. “E preservar os remanescentes de floresta é crucial, pois restauração e conservação andam juntas. Elas são essenciais para garantir a conectividade das paisagens, a preservação da biodiversidade e dos recursos hídricos”, avalia Carolina.
O trabalho de educação ambiental é outra linha de atuação da Apremavi, engajando escolas, professores e proprietários rurais. A ONG vê a transição energética como primordial para alcançar escala na mitigação das mudanças climáticas e abastece as estruturas do seu centro ambiental, viveiro e escritórios com energia solar, iniciativa em sintonia com a história de uma instituição que já conquistou 11 Troféus Onda Verde, do Prêmio Expressão de Ecologia, produzido pela Editora Expressão. “O prêmio é uma referência na área ambiental, e esse reconhecimento fortalece ainda mais nosso compromisso e dedicação”, afirma Edinho. “É um verdadeiro selo de que estamos avançando corretamente e que temos parceiros comprometidos”, diz Carolina.
