Pioneira em bean-to-bar, Nugali aposta em cacau de qualidade, produz 200 toneladas de chocolate por ano e cria tuor premiado com turismo e educação ambiental
Na ficção, A Fantástica Fábrica de Chocolate tornou-se um clássico da literatura infantil mundial, uma das obras mais conhecidas do escritor britânico Roald Dahl, sucesso também nas telas do cinema. Na vida real, a Nugali conseguiu instalar em Pomerode (SC) uma fábrica também fantástica, com a produção sustentável de um alimento premiado por sua alta qualidade e um trabalho que se tornou atração turística ao conciliar lazer e conscientização ambiental.
Fundada em 2004, a empresa foi pioneira no Brasil na produção de chocolates bean-to-bar, quando um fabricante realiza todas as etapas de processamento — aquisição das amêndoas de cacau, torrefação, preparo da massa, fabricação do chocolate e sua cristalização, moldagem e embalagem. Tornou-se a primeira a produzir chocolates 70% cacau no país e abriu mão de aromatizantes, corantes ou conservantes artificiais. Adotou um conceito de “comércio justo”, pagando ao produtor rural um preço muito superior ao oferecido pelas bolsas de commodities e com cultivo do cacau em sistemas que preservam a floresta.
Vinte anos depois, a marca da preocupação ambiental, praticada muito antes do fenômeno do ESG, está consolidada como um grande negócio. Com uma produção de 200 toneladas por ano, 20% do market share do seu segmento, a Nugali atende cerca de 2.000 pontos de venda em todas as regiões do Brasil e já realizou exportações para cinco países. Tudo aliado ao crescimento constante do faturamento, na casa de dois dígitos por ano.
“A gente aprendeu que a sustentabilidade deve permear toda a cadeia produtiva. Energia limpa, reúso de água, lixo zero, carbono neutro. É pensar sempre em cada pedacinho. E respeitar não só as diferentes pessoas que trabalham conosco, como também as diferentes necessidades e preferências alimentares dos nossos consumidores. Se tem uma pessoa que optou pela alimentação vegana, respeito e vou lhe entregar um excelente chocolate vegano. Faz parte da sustentabilidade pensar no consumidor”, explica Maitê Lang, diretora comercial e fundadora ao lado de seu marido, Ivan Blumenschein, diretor industrial.
pontos de venda em todas as regiões do Brasil
do market share
visitantes de tour na fábrica em Pomerode (SC)
Com produtos laureados na International Chocolate Awards, a empresa abre as portas da fábrica desde 2021 por meio do projeto Tour Nugali, campeão na categoria Turismo e Qualidade de Vida do 30º Prêmio Expressão de Ecologia, produzido pela Editora Expressão. Trata-se de um circuito de visitação que apresenta de forma imersiva, interativa e lúdica a importância da relação de uma indústria com o ambiente, as pessoas e o entorno. Utilizando como fio condutor a fabricação do chocolate, conquistou a oitava posição no Prêmio Travellers’ Choice, do TripAdvisor, consagrando-se como uma das dez melhores atrações familiares do mundo. Em dois anos, mais de 100 mil pessoas já fizeram o tour.
“Criamos uma estufa com cacaus de verdade, os visitantes podem ver os frutos, as flores, as abelhas que polinizam, conhecer os ingredientes, os aromas, a fabricação em cada etapa da linha de produção”, conta Ivan, que, diante do desafio de plantar cacau em região de clima frio, fez um viveiro para proteção seguido da estufa. “Quando vimos que dava, começamos a pegar um germoplasma de sementes de diferentes regiões do Brasil.”
A obsessão pelo produto sustentável e de alta qualidade é vista pelos fundadores como um conceito inabalável, inclusive diante da volatilidade do preço do cacau, que chegou a enfrentar alta de mais de 400%. “Mesmo com uma economia complicada, vamos cumprir sem perder a nossa essência”, diz Maitê. “São os nossos valores, nunca vamos abrir mão dos nossos princípios. Há muita gente procurando formas de baratear. Aqui nem passa pela nossa cabeça fazer qualquer coisa que abra mão da qualidade ou de saber de quem estamos comprando matéria-prima”, completa Ivan.