Descendente de imigrantes alemães, Frank Bollmann carrega um DNA que se confunde com a trajetória de São Bento do Sul (SC), onde nasceu, reside e já foi até prefeito, de 1992 a 1996. Seu avô fundou a primeira fábrica moveleira e seus netos já são a quinta geração nascida no município. Mas a consolidação de seu vínculo tem raízes no empreendedorismo, especificamente com a Tuper, líder em transformação de aço na América Latina.
Aos 74 anos, o CEO já acumula mais de meio século de atuação na empresa fundada em 1971 como uma iniciativa arrojada em uma cidade até então voltada à indústria de móveis. Cursou engenharia mecânica na Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina) e trilhou um caminho por diversas áreas (financeira, administrativa, contabilidade) até chegar à alta direção da companhia, sem nunca ter deixado a área técnica, sua maior paixão. Hoje, também tem seus três filhos na empresa: Alexandre, no planejamento estratégico, Gustavo, diretor industrial, e Karina, arquiteta. E deixa lições para a coletividade: “Nunca administramos nada sozinhos, seja uma empresa ou uma cidade”.
Que fatores o sr. destacaria como essenciais para ter se tornado uma liderança empresarial de sucesso?
A primeira coisa é levantar cedo, as coisas não caem do céu. São 11 a 12 horas no dia. E isso não prejudica o convívio familiar. Pular cedo, se alimentar bem, cuidar do corpo e da mente, praticar uma religião.
E acreditamos que não fazemos nada sozinhos. É preciso que haja trabalho árduo e que o respeito a todos seja tomado como princípio. Manter uma política de “portas abertas”, onde os funcionários têm a liberdade de vir e dar suas ideias também é um ponto a ser destacado, pois como líder você gera ainda mais confiança e comprometimento estando cada vez mais próximo dos seus liderados.
O sr. recebeu a Ordem do Mérito Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), teve ações representativas em entidades, foi prefeito de São Bento do Sul. Como esse envolvimento em políticas públicas pode contribuir para a atividade de liderança empresarial?
Todo mundo diz: “não se meta em política, isso não é para você, não é para gente séria”. Mas eu digo: “é o contrário”. A gente teve uma escola muito firme moralmente do nosso pai. Meu pai foi prefeito. Meu cunhado foi prefeito. Aí foi minha vez, e agora meu irmão duas vezes prefeito. Então a nossa família já deu cinco prefeitos. Isso contribui no convívio social, no relacionamento humano.
A vida pública me ensinou muito. Contribui no sentido de consolidar a ideia de que nunca administramos nada sozinhos, seja uma empresa ou uma cidade. Na colaboração e na atenção às necessidades da comunidade, as parcerias devem estar presentes, tendo em mente que o importante é o bem maior, ou seja, o quanto podemos contribuir para o benefício e o desenvolvimento da sociedade como um todo, seja no setor privado ou público.
Que dicas o sr. daria para quem está começando como empresário ou no empreendedorismo e também para quem já está nessa área, mas ainda não conseguiu decolar?
A primeira qualidade do empreendedor, para quem quer crescer, é a humildade, saber respeitar as pessoas. Seja humilde. Esse é o ponto primordial.
Ao longo de mais de cinco décadas de história, sempre priorizamos os investimentos em tecnologia, inovação e no desenvolvimento da equipe. O comodismo não faz parte do empreendedorismo. É preciso estar sempre atento às tendências, buscar conhecimento e formação também fora de suas especialidades, para dominar o maior número de assuntos possíveis, pois o crescimento e o dia a dia dos negócios vão exigir isso de você. É importante também conhecer os riscos do negócio para mitigá-los e continuar avançando nos investimentos, no crescimento, no empreender.
Quem são suas principais inspirações no segmento empresarial?
A gente sempre gostou de se espelhar nos grandes. Eu guardo conceitos também. Por exemplo, do Eliyahu M. Goldratt (físico israelita), uma frase espetacular: “Diga-me como me medes e te direi como me comportarei”. Ou do Derek Bok (que foi presidente na Universidade Harvard): “Se você acha que educação é cara, experimente a ignorância”.