Após dobrar seu faturamento no intervalo de apenas cinco anos, a principal referência do Brasil em utensílios e acessórios para cuidados pessoais e para o lar tem algumas certezas: crescerá em 2024 no invejável patamar de dois dígitos, beirando um faturamento bilionário; fará investimentos em todas as suas seis áreas de atuação; e usará a inteligência artificial em processos para otimizar a produção.
Não se trata apenas de otimismo da empresa que, sediada em São Bento do Sul (SC), é a maior fabricante de escovas da América Latina e comemora 95 anos em 2024. O cenário futuro decorre de estratégia, planejada e consolidada, com “pé no chão” para entender que o crescimento precisa vir de ganho de eficiência e de distribuição, e não necessariamente ancorado em crescimento de mercado, conforme as palavras do CEO da Condor, Alexandre Wiggers.
Fundada em 1929, a empresa dispõe de duas fábricas e três centros de distribuição, um deles no Nordeste, além de mais de 300 mil pontos de venda no país e 1.700 funcionários. “Posso te garantir, está consolidado: todos os nossos seis negócios vão receber investimento nos próximos anos, terão lançamentos de produtos e inovação”, afirma Wiggers, em referência à atuação da Condor nas áreas de limpeza doméstica, limpeza profissional, higiene bucal, beleza, pintura imobiliária e pintura artística.
de crescimento do faturamento entre 2018 e 2023
pontos de venda no Brasil
de garrafas PET transformadas anualmente em produtos
Uma das apostas envolve a evolução tecnológica. Além de robôs, a Condor tem usado a inteligência artificial para relatórios e análises de informações que podem auxiliar na tomada de decisões.
Em 2023, a empresa teve faturamento de R$ 790 milhões, alta de 6% em relação ao ano anterior. A estratégia de crescimento vai além do Brasil. O plano não envolve ter fábrica fora, mas alavancar as vendas também em países vizinhos, mantendo parcerias e proximidade com canais de distribuição variados.
Uma expansão recente da Condor envolveu em 2019 a aquisição da marca Perfect Pro. No ano seguinte, durante a pandemia da Covid-19, a empresa contratou mais 240 pessoas em meio à expansão do mercado de limpeza e de reformas residenciais.
A Condor acabou adotando uma visão à frente de seu tempo quando, há 27 anos, a família dona do grupo resolveu deixar a gestão com executivos profissionais e ficar apenas no conselho da administração. Em 2019, em um passo ainda mais arrojado, delegou mesmo essa função para conselheiros independentes. Decisão tomada em sintonia com os princípios de governança, uma das bases do movimento ESG (Environmental, Social and Governance).
Nesse quesito, a Condor reconhece seu desafio de organizar em torno do tema práticas que já são adotadas há décadas e que, na definição de Wiggers, “já fazem parte do DNA”. Na área ambiental, das 900 toneladas usadas de resina plástica, 60% são recicladas. Uma fábrica em São Bento do Sul recicla produtos da empresa há meio século. Aproveitamento de água da chuva, projetos de eficiência energética e adesão ao mercado livre para buscar energia limpa se somam a projetos sociais.
Vencedora da categoria Responsabilidade Social em premiação do Lide-SC em 2023, a Condor é empresa amiga da criança há 25 anos, fazendo doação de escovas de dente para comunidades carentes, e parceira da Femama (federação de instituições de apoio à saúde da mama), além de encampar projetos culturais, esportivos e de voluntariado.
A presença de conglomerados empresariais de renome em São Bento do Sul é vista pela Condor como resultado de um conjunto de fatores, como mão de obra eficiente, com boa formação escolar da região, empresas unidas em prol do desenvolvimento e associação de classe de peso. “Mas acho que o principal é a qualidade das famílias empreendedoras”, avalia o CEO.
