O ano de 2024 promete ser próspero para a líder nacional de mercado no segmento premium de cama, mesa e banho. Mas a meta de elevar seu faturamento entre 10% e 15% não ilude a Buddemeyer. A preocupação não é crescer por crescer. Não adianta crescer em um ano e cair no seguinte. A tradição é seguir uma evolução consistente.
É com essa mentalidade que a empresa com mais de 70 anos de história e instalada em São Bento do Sul (SC) mantém projetos simultâneos, sem fronteiras, nas diferentes áreas: expansão do varejo, por meio da Casa Almeida; dos produtos para hotelaria, via Empório Bud; e modernização do parque fabril, incluindo os braços logístico e produtivo. Os planos não se limitam ao Brasil. Estão em curso a ampliação de exportações com parcerias na Europa e um trabalho forte voltado à Argentina, onde se vislumbram novas oportunidades diante das mudanças do cenário político e econômico.
“Sempre trabalhamos com metas atingíveis. Se o mercado abrir espaço para crescer mais de 15%, a gente cresce mais. Mas tem que ser com consistência”, afirma Rafael Buddemeyer, diretor comercial da Buddemeyer, integrante da quarta geração da família de origem alemã fundadora do grupo. “Os resultados da empresa são sólidos e muito concretos nos últimos 20 anos, sem números deficitários. E tem as métricas do consumidor, de como a marca é ‘top of mind’.”
A Buddemeyer mantém em torno de 1.100 funcionários na indústria e outros 200 voltados ao varejo. Concentra duas unidades em Santa Catarina, uma no Paraguai, uma na Argentina e escritórios e parcerias no Oriente. Só na Casal Almeida há 18 pontos de venda. Na Empório Bud, outros dois.
O pensamento de flexibilidade dos negócios ao longo das décadas ajudou a nortear a empresa têxtil que cresceu num ritmo anual médio de 7% a 8% nos últimos cinco anos e alcançou um faturamento de R$ 700 milhões em 2023. O braço industrial responde por mais de 70%, mas as mudanças sociais e econômicas já indicaram como é importante estar preparado para ajustes de foco. “Precisa estar flexível e rápido para se adaptar às intempéries. O mundo tem feito mudanças muito rápidas e drásticas. Tem mercados que existiam e, de repente, não existem mais. A gente simula bastante cenários, e isso também ajuda a sentir mais confiança”, diz Rafael.
A pandemia da Covid, por exemplo, evidenciou a ascensão do comércio digital, no qual a Buddemeyer já investia. Hoje a empresa estima que, direta ou indiretamente, até 25% de seus produtos sejam vendidos por plataformas eletrônicas. “O consumidor não consegue ter sensação de maciez de uma toalha pela tela, não tem esse toque. Mas a marca Buddemeyer traz essa tranquilidade porque ela já é reconhecida pela qualidade.”
de crescimento do faturamento entre 2018 e 2023
funcionários do grupo, sendo 1.100 na indústria e 200 no varejo
dos produtos vendidos por plataformas eletrônicas
Uma das adaptações aos novos tempos envolveu a metrificação da agenda ESG (Environmental, Social and Governance). Essas ações sempre fizeram parte do dia a dia da Buddemeyer, como parte de seu DNA. Mas a empresa identificou a importância de formatá-las para explicá-las à sociedade e ao mercado diante das novas tendências. “A responsabilidade ambiental tem que estar nos valores, não é uma questão de marketing”, afirma o diretor do grupo têxtil, que já era carbono neutro, mas buscou recentemente a certificação.
O cenário brasileiro é visto com otimismo cuidadoso pelo diretor da Buddemeyer, para quem, apesar da perspectiva de um ano positivo, é necessário “cuidar da nossa inflação e de um crescimento mais sustentável para não viver de voos de galinha”.
Em meio aos desafios nacionais, a presença em São Bento do Sul é encarada como vantagem competitiva diante da diversificação de atividades industriais e de serviços, além de boas escolas públicas. “A cidade vem trazendo à luz seu pioneirismo, gerando novos líderes e novas empresas que trazem esse oxigênio.”