Associação empresarial de Florianópolis leva reaproveitamento de óleo ao Guinness e deixa marcas com o programa de lixo eletrônico e apoio a ações sociais
Se a ideia é ser um espelho para a classe empresarial, nada como uma ação duradoura, com valores sociais e ambientais, parcerias consistentes e repercussão mundial. É assim que a ACIF (Associação Empresarial de Florianópolis) conseguiu fazer do ReÓleo mais do que um programa premiado. Com duas décadas e meia de vida, a iniciativa levou a capital catarinense a ser laureada como a que mais recicla óleo de cozinha no mundo, nas edições de 2012 e 2015 do Guinness World Records.
Iniciada muito antes da moda da agenda ESG (Environmental, Social and Governance), a mobilização não foi isolada. As medidas sustentáveis da entidade que reúne mais de 5 mil empresas vinculadas ainda prevê um programa de reciclagem de lixo eletrônico.
empresas vinculadas à ACIF
de litros de óleo arrecadados no programa ReÓleo
ações e projetos anuais
voluntários
No caso do ReÓleo, os resultados foram fortalecidos nos últimos anos por meio da parceria com a Cargill, da marca Liza. A proposta envolve reciclar óleo de cozinha usado, recolhido de restaurantes, hotéis e condomínios. Também inclui a promoção da educação ambiental, sensibilizando escolas e expandindo os pontos de coleta. As escolas podem se inscrever gratuitamente, durante todo o ano, para receberem a palestra do Reóleo. Já envolveu mais de 5 milhões de litros de óleo arrecadados só em Florianópolis e mais de 61 mil toneladas de CO2 evitadas de poluição da atmosfera. Números que ajudam a explicar a presença do programa entre os ganhadores do Prêmio Expressão de Ecologia e do Prêmio Fritz Müller.
“É um impacto gigantesco. E hoje grande parte dessa força vem do componente educacional do programa”, diz Célio Bernardi, presidente da ACIF, citando a realização de mais de 80 palestras para transmitir a importância da reciclagem de óleo de cozinha ao público infantil, gerando um efeito cascata. “As crianças, ao aprenderem sobre esse tema, educam seus pais em casa e se tornam agentes de mudança dentro de suas próprias famílias. É um poder transformador.” Ele destaca como a parceria com a Cargill foi bem-sucedida. “Deu match justamente nessa visão de ambas em relação ao braço ESG e educacional.”
Ao longo do tempo, a ACIF continuou a expandir ações socioambientais, como a da reciclagem de lixo eletrônico. O programa e-lixo foi viabilizado por meio de parceria com a Weee.do para coleta e destinação dos materiais e destruição de dados dos equipamentos eletroeletrônicos que não funcionam mais. “Isso é especialmente gratificante considerando que Florianópolis é a ‘Ilha do Silício’, conhecida por sua forte presença tecnológica”, diz Célio.
O PAP (Programa de Apoio a Projetos) se soma às iniciativas da associação para incentivar, fortalecer e ampliar a responsabilidade social. O edital de patrocínios ACIF é aberto uma vez ao ano, para destinar recursos a projetos de iniciativa social. Eles passam por uma análise feita por voluntários, que acompanham, votam e determinam a destinação. A prestação de contas é detalhada, reforçando a governança e garantindo que as contribuições dos associados sejam bem empregadas na sociedade, melhorando o ambiente de negócios. O edital prevê o investimento de R$ 75 mil para a execução dos projetos em 2025.
A ACIF busca abrir as portas para seu público, oferecer competitividade e mostrar como o associativismo pode ser um grande diferencial. São realizados anualmente mais de 250 ações e projetos, com apoio de cerca de 600 voluntários, que dedicam mais de 8 mil horas de trabalho voluntário.
“Para mim, um prêmio só se concretiza verdadeiramente quando a empresa percorre todos os passos necessários, com a meritocracia exigida para alcançar tal conquista”, afirma Célio, que vê com otimismo o futuro de Santa Catarina. “Nosso estado tem no DNA o associativismo e a história de construção de entidades empresariais que contribuem enormemente para a sociedade como um todo, sendo também parceiras do poder público. Isso faz com que não sejamos apenas protagonistas, mas colaboradores no desenvolvimento de nossa cidade”, completa.
